quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Como Evitar "pino".

A pedido de um amigo, coloco aqui um passo a passo de como não levar “pino” ou pelo menos evitar ao máximo que isso venha acontecer.
Não conheço um ser humano, uma alma viva que trabalhe com projeto gráfico e que não tenha levado um “pino” na vida.
Com toda a minha experiência convivendo com bons e maus clientes, durante 15 anos de atividade, colocarei aqui em 5 passos para que você não venha a cair no papo de pessoas mal intencionadas, na hora de pedirem para que você execute um trabalho.

1 – Valorize-se: tire nota fiscal. Mesmo você não tendo empresa como autônomo você pode emitir nota fiscal de serviço avulsa. Não precisa ter firma, para isso bastam seus documentos. Procure o setor de arrecadação de impostos da prefeitura de sua cidade e se informe mais sobre como tirar uma nota fiscal avulsa. A nota fiscal te valoriza como profissional, pois você paga impostos.
Importante: Lembre-se que ao tirar a nota fiscal avulsa, você pagará por ela no ato 5% do valor total do serviço que estiver especificado na nota. Se o serviço for 500 reais você pagará 25 reais pela nota.


2 – Não caia no papo: Esse é o papo mais comum dos caloteiros e pode ter certeza, vai ser calote mesmo porque você vai trabalhar, gastar tempo e equipamento e não vai receber nada.
Exemplo: Eles te chamam para fazer um serviço de criação e dizem que junto com você, mais dois ou três “profissionais” farão o mesmo trabalho. A melhor proposta é que ele fechará negócio.
Daí você aceita, se mata criando uma marca bacana, faz um bom trabalho, gasta tempo, dinheiro (com cópia laser, material para prancha rígida, transporte para ir até este suposto cliente), gasta equipamento (porque consome luz etc), enfim, você tem gastos que jamais serão recuperados.
Quer um conselho? Não caia nessa porque essa pilantragem funciona assim: Ao fazer seu trabalho e os outros também, o cara que pediu isso não escolherá nenhum. Pode tirar fotos ou cópias dos trabalhos envolvidos e depois dizer em particular a cada um dos participantes que o seu trabalho não foi escolhido. Todos vão embora tristes pensando que um de vocês foi o vencedor. O mau sujeito com as cópias dos trabalhos em mãos, já tem um conceito em mente do que quer exatamente, e chama alguma pessoa (um quinto elemento digamos assim), mostra os trabalhos e diz que quer um layout assim e assado. O quinto elemento vai lá e desenvolve, o cliente paga por isso uma pequena mixaria e fica satisfeito, feliz da vida por ter passado a perna em você.
Não se assuste se você cair numa roubada dessas e chegar a ver um trabalho idêntico ao seu circulando por aí.


3 - Dinheiro ou nada: Nunca comece um projeto gráfico, sem um “sinal” em mãos. Eu geralmente trabalho assim: 30% no aceite, 30% na aprovação do layout e os 40% finais na entrega da mídia contendo os originais.
Quando o cara não dá sinal algum ou é caloteiro dos bons ou a empresa não permite dar sinal, neste último caso, antes de começar um serviço, entregue para ele uma proposta escrita com tudo o que você irá desenvolver no trabalho e caso ele aceite, o faça assinar e datar numa das cópias que você guardará (a outra ficará com ele) e faça o trabalho. Pode até demorar em receber porque cada firma tem seu calendário de pagamento, mas você irá receber. Na pior das hipóteses se o cliente for mesmo mal intencionado, você pega todos os documentos envolvidos no projeto e com eles em mãos, vá ao tribunal de pequenas causas e dê entrada por danos morais. Você vai demorar a receber, mas receberá tudo atualizado e bonitinho da silva. Claro que seria bem melhor que isso nunca acontecesse, mas esta é a última alternativa para caso um desses “nocegos” venham a se aproveitar do seu talento, querendo lhe passar a perna.
Voltando a falar sobre os clientes que se negam a dar um sinal para iniciar um projeto, saiba que: NINGUÉM TRABALHA DE GRAÇA. Daí até um deles pode falar assim: Ah, mas se eu não gostar do trabalho, e o dinheiro que dei como sinal?
Diga assim: Caro cliente, vamos fazer um negócio.Eu preciso fazer uma festa para 100 pessoas no seu restaurante (isso se ele for dono de um, caso contrário adapte a resposta à sua necessidade), consumiremos bebida e comida, tudo o que você oferece no seu restaurante. No final da festa, se eu gostar de tudo, eu pago, se eu não gostar eu não pago. Você aceita minha proposta?
Duvido que ele aceite, e você irá feliz da vida para casa por se livrar de um pilantra.


4 – Proteja seu trabalho: Registrar projetos gráficos no Brasil ainda é um sonho muito distante e para muitos profissionais, impossível de se realizar por questão de custos e tempo. Mas há alternativas para você proteger seu trabalho caso venha a acontecer de um dia em ver um projeto seu perambulando pela cidade, sem necessariamente você ter recebido por ele.
Todo trabalho que você desenvolver, em um envelope, coloque cópias impressas, CD ou disquetes com os arquivos, enfim, tudo o que envolveu seu projeto gráfico lacrando e escreva no local do remetente e do destinatário para você mesmo. Vá até os Correios, registre a encomenda e aguarde ele chegar. Ao receber o envelope não abra. Arquive-o. Se algum dia caso acontecer de você ver por aí um trabalho seu circulando e que não tenha recebido por ele, é só ir a um tribunal de pequenas causas e dar entrada por danos morais contra quem colocou seu trabalho lá sem o devido pagamento ou autorização. No dia do julgamento, o juiz abrirá o envelope (aquele que você remeteu para você mesmo) e comprovado a fraude, você verá flores, muitas flores, pois o pilantra que não te pagou e ainda usou descaradamente seu trabalho ou plagiou parte dele, ficará sem casa, sem carro, sem mulher e só de cueca, pois vai ficar na miséria por ter que pagar indenização a você pelo crime cometido.
Na prática, o envelope lacrado e carimbado pelos correios tem valor federal já que os “Correios” nada mais é que um órgão federal. Numa situação comentada acima, somente o juiz poderá abrir o envelope.


5 – Saiba o quanto cobrar: Tão feio quanto os outros ficarem dando “pino” na gente, é gente de nosso meio não saber cobrar pelos serviços. Já cansei de ver por aí propagandas de “logomarca por 10 reais”, “arte gráfica só 5 reais”, “cartão de visita e convites somente por 5 reais”... ... e assim vai.
Sinceramente sei que pessoas que fazem isso nem deveriam pertencer a nossa classe, pois quem realmente trabalha com projetos gráficos são pessoas bem informadas, pesquisam, estudam, aprendem novas ferramentas, enfim, são pessoas que estão buscando sempre se aprimorar e com certeza não cobrariam por um projeto 5 ou 10 reais, prejudicando não somente a ele mas a imagem que temos de bons profissionais (muitos não pensam que somos bons e sim pensam no preço).

Não quero me aprofundar no tema, já que, sempre acabo é tacando o pau mesmo. O que quero é que, se você trabalha com projetos gráficos, cobre justo. Cobrar justo não é você reduzir seu preço para seduzir possíveis clientes. Cobrar justo é você se valorizar e parar de pensar como uma prostituta barata.

Escrevendo em um tom mais grosseiro, quando um cara desses que só vive em puteiro, qual delas você acha que pra ele faz um bom serviço, a de 5 ou a de 200 reais?

Se você comprou equipamento, softwares, paga luz, transporte, suprimentos, etc, sabe que não pode cobrar mixaria por um trabalho. Imagina você sentar a bunda numa cadeira passar uma ou duas horas fazendo um trabalho no micro e no final cobrar 5 ou 10 reais por ele. Imagine o gasto que você teve durante esse tempo. Sinceramente, não sei nem como pessoas deste tipo conseguem arrumar namorada!

Para saber o quanto cobrar, faça pesquisa na sua cidade, avalie os portfólios dos profissionais e procure ser tão bom quanto eles. Quanto melhores trabalhos você desenvolve, mais valorizado ficará e claro ganhará mais. Não se preocupe se fulano acha caro seu trabalho, tem gente que tem bom gosto e pagará seu preço. Abaixar as calças toda vez que você vê um cliente é que não é justo. A não ser que você goste de...
Espero ter ajudado.